segunda-feira, 11 de julho de 2016

A ESSÊNCIA DA EVANGELIZAÇÃO


           
            É necessário traça um perfil sobre essência da evangelização para poder começar a entendê-la de fato, a começar da Revelação de Deus que é o fator primordial que move a evangelização, como também entender a quem a comunicação da mesma foi designada.

2.1 A revelação de Deus ao mundo e a Missão


            Pode-se entender por Revelação o “[...] Ato de tornar conhecido o que é desconhecido; a revelação do que está encoberto” (ERICKSON, 2011, p.171). Deste modo, pode-se afirmar que revelar é desvendar o que outrora estava encoberto.
Foi por meio da Revelação que Deus tornou-se conhecido para o homem, e tal manifestação torna-se indispensável e importante. Formular um entendimento puramente científico da revelação de Deus, de certa forma torna-se limitado, devido a magnificência e amplitude de Deus. Como infinito, torna-lo objeto de estudo é simplesmente impossível. Entretanto é possível, entender as formas as quais aprouve a Deus revelar-se ao homem.  
Conhecer a Deus é impossível a partir do auto revelação divina e relacionamento íntimo com Deus. Como também, nunca chegará a ser um estudo clínico e científico, pois Deus é muito maior e além da compreensão do ser humano (HARBIM, 2006, p.2).
O conhecer Deus depende exclusivamente de Dele revela-se ao homem, embora o homem seja limitado ao espaço e tempo. Conhecer o infinito é algo impossível. Segundo, Braaten e Jenson, (2005, p. 210) “É Deus que age no sentido de revelar. Nós conhecemos Deus por causa de Deus, que é categoricamente superior” Contudo, Deus revelar-se de várias maneiras. Para igreja foi necessário entender, como aprouve a Deus revelar-se.
Na dogmática tradicional, perguntou-se o que pode ser conhecido de Deus fora da sua revelação especial em Jesus Cristo e da história da salvação iniciada com Israel. Por esta razão incluímos um Locus sobre o conhecimento de Deus, que lida com as significativas diferenças entre revelação geral e especial ou entre teologia geral e revelada. Esta questão do conhecimento de Deus é de particular importância hoje no encontro entre o cristianismo e as principais religiões não-cristãs (BRAATEN; JENSON, 2005, p.74).
Na teologia geral ou “revelação natural”, encontra-se toda a criação e feitos de Deus, inclusive o homem e tudo o que o cerca como também a consciência da existência de Deus. É dessa consciência de sua existência, que segundo Bora e Wikinson (2007) Deus introduziu no interior do homem, contudo muitos rejeitam essa verdade.   Para tal, cabe ao homem entender a importância e compreender essa revelação. “A revelação geral inclui tudo que Deus revelou no mundo à nossa volta, inclusive o homem” (RYRIE, 2004, P.33).
“Algo de Sua natureza se reflete na própria criação, mais na maior parte conhecer a Deus depende em que Deus se revele e que o homem esteja atento a esta revelação” (HARBIM, 2006, P.13).
Na teologia revelada ou “revelação especial” Deus se utiliza de meios para falar com o homem como também através das escrituras. Dessa forma transmitir informações de sua pessoa e vontade para com o homem. Segundo Boa e    Wikinson (2007) Deus  usa de forma diretas para falar como o homem através de sonhos, anjos, visões, contudo na pessoa de Cristo ele fala de forma mais clara como também através da bílbia, “[...]ao passo que a revelação especial inclui as várias maneiras que Ele usou para comunicar a sua mensagem, copilada na bíblia.” (RYRIE, 2004, p.33).
Segundo Braaten e Jenson (2005) o desejo de Deus em revelar-se ao homem é a vontade de manter relacionamento com o mesmo. Gerando assim confiança do homem para com Deus.
Para Ryrie (2004) a revelação especial somente é revelada para algumas pessoas e acrescenta mais algumas maneiras utilizadas por Deus tais como: as sortes, o Urim e o Tumim, Teofanias, Profetas, eventos.
Com o passar dos tempos a igreja contemporânea identificou outras formas de Deus revelar-se com o homem. Conforme Ryrie (2004) aborda pontos e realiza algumas críticas de como a revelação está sendo abordada nos dias atuais. Pontos como a subjetividade da Revelação como atividade divina. Para alguns conservadores, em alguns casos são fatos reais e milagres que ocorreram na história, da parte de Deus. Os liberais não acreditam na historicidade desses fatos. Contudo ambos deixam que cada pessoa interprete tais atos. Outro ponto, a revelação como um encontro pessoal, tal revelação precisa estar baseada na bíblia, pois acredita-se hoje, não haver somente a necessidade de base bíblica, mas também uma base no encontro pessoal e nos atos poderosos de Deus, conforme a interpretação de cada pessoa. A experiência passou a substituir a verdade da Bíblia.
Assim, Deus revelou-se de várias formas ao homem por vontade exclusiva Dele, com o desejo de relacionar-se com o próprio homem, usando as Escrituras como forma de comunicação, e trazendo a consciência do homem sua existência, através de tudo que foi criado por Ele.
Para Ryrie (2004) Jesus Cristo foi uma das formas utilizada por Deus para revelar-se. Jesus Cristo foi a expressão mais completa do amor de Deus por toda a humanidade. O verbo se fez carne, se colocando na posição de homem, para mostra que apesar do homem ser limitado e falho tinha a condição de ser transformado em toda a sua essência. O amor de Deus por todos os seres humanos, realizar o plano mais perfeito: o da reconciliação e salvação da humanidade. Isto se deu por meio do sacrifício feito por Jesus na cruz. Para todos os quais, o aceitarem verdadeiramente e o reconhecerem como Salvador e Senhor de sua vida.  Esta redenção deveria ser anunciada pela voz daqueles que foram alcançados por ela, desta forma, segundo Schucler (2002, p.193) “O povo de Deus cheio do seu Espírito Santo, fala as boas novas do ato redentor de Deus.”
Dentro desta perfeição, Deus na sua sabedoria, determinou que a sua mensagem deveria ser entregue a todos. Assim a igreja desempenha um papel fundamental na evangelização. O Senhor designou a sua igreja para levar o seu plano de salvação a toda criatura. Agora o homem tem a sua palavra, Deus mostrou o seu amor, sua vontade, revelou-se a todo criatura por Ele criado. Desta forma, torna-se impossível a igreja de Deus manter-se alheia a tal determinação.
Para Kilpp, (2009, p.61) “Um dos maiores serviços que os cristãos prestam ao mundo é a proclamação do evangelho a toda criatura. [..]”.  A evangelização, é, portanto, a principal tarefa da igreja, em obediência à ordem de Jesus (BÍBLIA, Evangelho de Mateus, 28.18-20).
Diante do exposto, a evangelização é a proclamação deixada por Deus para as nações. Desta forma a sua Palavra vai sendo espalhada, frutificando e fortalecendo a sua igreja até o dia da redenção. Entender tal plano ajudará a igreja neste processo. Assim, como o indivíduo é salvo e obteve a reconciliação com Deus através de Cristo, o desejo ardente no coração do homem de compartilhar tal favor não merecido, fará o processo de evangelização se solidificar cada vez mais entre todos.

2.2 A incumbência da missão


            A missão foi designada a duas instituições específicas e precisa ser entendida desta forma para que se possa também continuar entendendo este assunto, pois isto diz respeito a responsabilidade da evangelização.

2.2.1 A missão de Israel no Velho Testamento e da Igreja no Novo Testamento

No antigo testamento Israel tinha o papel de ser ícone, modelo para outros povos. Israel deveria atrair as nações para Deus, através do seu testemunho, assim veriam que existia o Deus verdadeiro e pessoal. Entretanto, Israel contaminou-se com os deuses de outros povos, ignorando as instruções na TORAH, realizando justamente o que não agradava a seu Deus e desviando-se completamente do propósito para a nação.
 Agora o papel de atrair os povos para Deus, encontra-se na igreja, esta que foi constituída com o derramamento do Espírito em Pentecostes. (BÍBLIA, Livro de Atos. Cap. 2).
Compreender a grande missão da igreja é fundamental. Simplesmente porque a igreja não deve se limitar a quatro paredes. Agora a igreja tem o papel de atrair as pessoas, com a ação de ir até elas.
Para Kilpp et al (2009, p.25),
No poder do Espírito Santo a igreja é chamada a proclamar fielmente todo ensino de Cristo, e a partilhar as boas novas do reino [...] Desse modo, a igreja procura em fidelidade, proclamar e viver o amor de Deus a todas as pessoas [...]
Concordando no mesmo viés de pensamento Perters (2000, p. 172) entende que esta comunicação deve ser inteligível, ou seja, compreensível ao ouvinte:
Estamos nos movendo dentro do fluxo de centro do Novo testamento, quando afirmo que a principal tarefa da Igreja, é comunicar de forma inteligível e eficaz uma mensagem divina para o mundo, a fim de levar o homem a uma relação viva com Cristo pela fé. O evangelho – a boa notícia de Deus em Cristo – constitui o coração e o núcleo da posse cristã. A preservação, interpretação e comunicação inteligível e persuasivo da boa notícia com a intenção fixa de conduzir os homens ao conhecimento de Cristo como o único Salvador e um compromisso resoluto a Ele como Senhor, permanecerá para sempre tarefa suprema e principal da igreja. Aqui é o coração das missões cristãs. Tal ênfase pode soar estranho, antiquado, ultrapassado e irrelevante para uma geração ativista e irritada inclinou mais sobre a ação social do que sobre a proclamação do evangelho.
Seria impossível a qualquer criatura difundir o evangelho simplesmente por fazê-lo, pois o amor de Deus chega a constranger os seus ouvintes. E quem o conhece, deseja ardentemente que outros também o conheça. Então proclamar o reino de Deus vai além de expressar uma ideia de salvação, é preciso ter um encontro verdadeiro com Cristo. Justamente esse conhecimento de Cristo que impulsiona a igreja a agir. A ação seria o segundo passo para o envolvimento na proclamação do evangelho.
Conforme, Mateus 28: 19-20, na conjugação do imperativo afirmativo “IDE” usado por Jesus, deixa claro a sua intenção de afirmar que sem ação é impossível que a igreja se desenvolva e cresça em sua missão. O agir condiciona as pessoas a tomarem uma atitude, como também, impulsiona a uma ação mais determinante. Os seus seguidores não poderiam ficar parados, precisavam agir e levar os seus ensinamentos a todas as nações.
Diante do apresentado, constata-se a importância da Grande Comissão. O significado de ekklesia que remete a função da igreja de ir ao encontro das pessoas, levando-as ao encontro com as Boas Novas
A ação vai gerar serviço para isso é importante utilizar ferramentas para serem usadas no trabalho diário. Todo trabalhador dispõe de equipamentos, materiais, qualificação específica para desempenhar um bom trabalho. Na evangelização também são disponibilizados técnicas para o arado. São formas a serem vistas nos próximos capítulos.
Portanto, a grande comissão a qual a igreja recebeu como ordenança de Cristo, que significa a Missio Dei, é a proclamação do evangelho, cujo objetivo é levar as boas novas, isso se refletirá através da ação do evangelismo.

2.2.2  A Grande Comissão

Na tradução da palavra grega ekklesia por igreja sugere a combinação de chamar e fora, ao passar do tempo, associou-se à igreja a função de chamados para fora, esse é o significado da palavra igreja. Portanto, a igreja é uma comunidade de pessoas “chamadas para fora”. É o que afirma Cara (2014, p.1)
No grego, mais do que no português, muitas palavras são uma combinação de duas outras palavras, mas geralmente o estudo etimológico do porquê e de quando essas palavras foram combinadas é completamente desconhecido pelo autor do Novo Testamento. A palavra grega ekklesia, que é geralmente traduzida por “igreja”, é uma combinação das palavras chamar e fora. Contudo, os dicionários gregos acadêmicos não dão a definição de “os chamados para fora” para a palavra ekklesia, porque ela não está sendo usada dessa maneira no Novo Testamento. Embora seja teologicamente verdadeiro que cristãos tenham sido chamados para fora do mundo pecaminoso para ser a igreja, essa verdade não é derivada da palavra ekklesia.

Esta comunidade de “chamados para fora” foi comissionada à leva a mensagem da salvação em Jesus a todos. Deste modo, a Grande Comissão é a determinação deixada por Cristo à sua igreja para anunciar o Evangelho a toda criatura fazendo discípulos e batizando em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo (BÍBLIA, Evangelho de Mateus, 28.18-20).
Por tanto, segundo Chaij (2010, p.101), “A igreja é a agência criada por Jesus, para espalhar ao mundo a mensagem de seu amor. Idealizada para cumprir uma nobre missão, a igreja é uma comunidade de fé, amor e esperança”
A expressão vem do “latim para ‘o envio de Deus’, no sentido de ‘ser enviado’, uma frase usada na discussão missiológica protestante, especialmente desde a década de 1950” (Macintosh, 2000 apud Guimarães, 2011, p. 631). Em inglês significa “a missão de Deus”.
Na década de 70, alguns teólogos discordavam dessa configuração da participação da igreja na missão de Deus. A igreja se tornou-se desnecessária para “Missio Dei”, onde não existiria a necessidade de pessoas para auxilia-lo através do serviço missionário. Tal ponto de vista se deu, devido o processo histórico mundial, com o qual Deus conduziu todo o seu propósito em meio ao mundo. Levando ao entendimento que Missio Dei seria Deus articulando a si mesmo. Uma vez que Deus só é compreendido pois houve a reconciliação com o mundo, e o mundo só é compreendido porque existe a presença de Deus. (BOSCH, 2002)
Entretanto, essa discordância contribuiu para entender que a igreja, ou qualquer pessoa, não tornou-se autor ou portador da missão. Segundo Bosch (2002, p.470), “A missão possui sua origem no coração de Deus. Deus é uma fonte de amor que envia. Esse é o manancial mais profundo da missão. É impossível penetrar mais fundo; existe missão porque Deus ama as pessoas”.
É notório a participação da igreja na Missio Dei. Contudo a igreja não é a detentora da missão como única participante, ao contrário a missão pertence única e exclusivamente a Deus. Para a tradição cristã tornou-se o centro da teologia Cristã. Contudo existe algumas visões diferentes referente a comissão, como os pós-milenistas.
Devido à grande confiança em Deus, os pós-milenistas acreditam que a grande comissão será cumprida, e a maior parte do mundo será salva, isto referente ao milénio. Em relação a igreja, ela cumprindo a grande comissão, se tornará o meio por onde o milénio será trazido e estabelecido na terra. (RYRIE, 2004).

Todo o empenho da igreja tem como fundamento tal ordenança deixada. Entretanto, só poderá haver um trabalho satisfatório havendo proclamação, ação e serviço. Tais pontos precisam ser bem articulados por todos. Não só a igreja/homem, como também instituições as quais não tiverem entendimento da real significância da Grande missão.



Angélica Dantas

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