É necessário traça um
perfil sobre essência da evangelização para poder começar a entendê-la de fato,
a começar da Revelação de Deus que é o fator primordial que move a
evangelização, como também entender a quem a comunicação da mesma foi
designada.
2.1 A revelação de Deus ao mundo e a Missão
Pode-se
entender por Revelação o “[...] Ato de tornar conhecido o que é desconhecido; a
revelação do que está encoberto” (ERICKSON, 2011, p.171). Deste modo, pode-se
afirmar que revelar é desvendar o que outrora estava encoberto.
Foi por meio da Revelação que Deus
tornou-se conhecido para o homem, e tal manifestação torna-se indispensável e
importante. Formular um entendimento puramente científico da revelação de Deus,
de certa forma torna-se limitado, devido a magnificência e amplitude de Deus.
Como infinito, torna-lo objeto de estudo é simplesmente impossível. Entretanto
é possível, entender as formas as quais aprouve a Deus revelar-se ao
homem.
Conhecer a Deus é impossível a partir do
auto revelação divina e relacionamento íntimo com Deus. Como também, nunca
chegará a ser um estudo clínico e científico, pois Deus é muito maior e além da
compreensão do ser humano (HARBIM, 2006, p.2).
O conhecer Deus depende
exclusivamente de Dele revela-se ao homem, embora o homem seja limitado ao
espaço e tempo. Conhecer o infinito é algo impossível. Segundo, Braaten e Jenson,
(2005, p. 210) “É Deus que age no sentido de revelar. Nós conhecemos Deus por
causa de Deus, que é categoricamente superior” Contudo, Deus revelar-se de
várias maneiras. Para igreja foi necessário entender, como aprouve a Deus
revelar-se.
Na
dogmática tradicional, perguntou-se o que pode ser conhecido de Deus fora da
sua revelação especial em Jesus Cristo e da história da salvação iniciada com
Israel. Por esta razão incluímos um Locus
sobre o conhecimento de Deus, que lida com as significativas diferenças
entre revelação geral e especial ou entre teologia geral e revelada. Esta
questão do conhecimento de Deus é de particular importância hoje no encontro
entre o cristianismo e as principais religiões não-cristãs (BRAATEN; JENSON,
2005, p.74).
Na teologia geral ou “revelação
natural”, encontra-se toda a criação e feitos de Deus, inclusive o homem e tudo
o que o cerca como também a consciência da existência de Deus. É dessa
consciência de sua existência, que segundo Bora e Wikinson (2007) Deus
introduziu no interior do homem, contudo muitos rejeitam essa verdade. Para tal, cabe ao homem entender a
importância e compreender essa revelação. “A
revelação geral inclui tudo que Deus revelou no mundo à nossa volta, inclusive
o homem” (RYRIE, 2004, P.33).
“Algo de Sua natureza
se reflete na própria criação, mais na maior parte conhecer a Deus depende em
que Deus se revele e que o homem esteja atento a esta revelação” (HARBIM, 2006,
P.13).
Na teologia revelada ou
“revelação especial” Deus se utiliza de meios para falar com o homem como
também através das escrituras. Dessa forma transmitir informações de sua pessoa
e vontade para com o homem. Segundo Boa e
Wikinson (2007) Deus
usa de forma diretas para falar como o homem através de sonhos, anjos,
visões, contudo na pessoa de Cristo ele fala de forma mais clara como também
através da bílbia, “[...]ao
passo que a revelação especial inclui as várias maneiras que Ele usou para
comunicar a sua mensagem, copilada na bíblia.” (RYRIE, 2004, p.33).
Segundo Braaten e Jenson (2005) o
desejo de Deus em revelar-se ao homem é a vontade de manter relacionamento com
o mesmo. Gerando assim confiança do homem para com Deus.
Para Ryrie (2004) a revelação
especial somente é revelada para algumas pessoas e acrescenta mais algumas
maneiras utilizadas por Deus tais como: as sortes, o Urim e o Tumim, Teofanias,
Profetas, eventos.
Com o passar dos tempos a igreja
contemporânea identificou outras formas de Deus revelar-se com o homem.
Conforme Ryrie (2004) aborda pontos e realiza algumas críticas de como a
revelação está sendo abordada nos dias atuais. Pontos como a subjetividade da
Revelação como atividade divina. Para alguns conservadores, em alguns casos são
fatos reais e milagres que ocorreram na história, da parte de Deus. Os liberais
não acreditam na historicidade desses fatos. Contudo ambos deixam que cada
pessoa interprete tais atos. Outro ponto, a revelação como um encontro pessoal,
tal revelação precisa estar baseada na bíblia, pois acredita-se hoje, não haver
somente a necessidade de base bíblica, mas também uma base no encontro pessoal
e nos atos poderosos de Deus, conforme a interpretação de cada pessoa. A
experiência passou a substituir a verdade da Bíblia.
Assim, Deus revelou-se de várias
formas ao homem por vontade exclusiva Dele, com o desejo de relacionar-se com o
próprio homem, usando as Escrituras como forma de comunicação, e trazendo a
consciência do homem sua existência, através de tudo que foi criado por Ele.
Para Ryrie (2004) Jesus Cristo foi
uma das formas utilizada por Deus para revelar-se. Jesus Cristo foi a expressão
mais completa do amor de Deus por toda a humanidade. O verbo se fez carne, se
colocando na posição de homem, para mostra que apesar do homem ser limitado e
falho tinha a condição de ser transformado em toda a sua essência. O amor de
Deus por todos os seres humanos, realizar o plano mais perfeito: o da
reconciliação e salvação da humanidade. Isto se deu por meio do sacrifício
feito por Jesus na cruz. Para todos os quais, o aceitarem verdadeiramente e o
reconhecerem como Salvador e Senhor de sua vida. Esta redenção deveria ser anunciada pela voz
daqueles que foram alcançados por ela, desta forma, segundo Schucler (2002,
p.193) “O povo de Deus cheio do seu Espírito Santo, fala as boas novas do ato
redentor de Deus.”
Dentro desta perfeição, Deus na sua
sabedoria, determinou que a sua mensagem deveria ser entregue a todos. Assim a
igreja desempenha um papel fundamental na evangelização. O Senhor designou a
sua igreja para levar o seu plano de salvação a toda criatura. Agora o homem
tem a sua palavra, Deus mostrou o seu amor, sua vontade, revelou-se a todo
criatura por Ele criado. Desta forma, torna-se impossível a igreja de Deus
manter-se alheia a tal determinação.
Para Kilpp, (2009, p.61) “Um dos
maiores serviços que os cristãos prestam ao mundo é a proclamação do evangelho
a toda criatura. [..]”. A evangelização,
é, portanto, a principal tarefa da igreja, em obediência à ordem de Jesus (BÍBLIA,
Evangelho de Mateus, 28.18-20).
Diante
do exposto, a evangelização é a proclamação deixada por Deus para as nações.
Desta forma a sua Palavra vai sendo espalhada, frutificando e fortalecendo a
sua igreja até o dia da redenção. Entender tal plano ajudará a igreja neste
processo. Assim, como o indivíduo é salvo e obteve a reconciliação com Deus
através de Cristo, o desejo ardente no coração do homem de compartilhar tal
favor não merecido, fará o processo de evangelização se solidificar cada vez
mais entre todos.
2.2 A
incumbência da missão
A missão foi designada
a duas instituições específicas e precisa ser entendida desta forma para que se
possa também continuar entendendo este assunto, pois isto diz respeito a
responsabilidade da evangelização.
2.2.1 A
missão de Israel no Velho Testamento e da Igreja no Novo Testamento
No antigo testamento Israel
tinha o papel de ser ícone, modelo para outros povos. Israel deveria atrair as
nações para Deus, através do seu testemunho, assim veriam que existia o Deus
verdadeiro e pessoal. Entretanto, Israel contaminou-se com os deuses de outros
povos, ignorando as instruções na TORAH, realizando justamente o que não
agradava a seu Deus e desviando-se completamente do propósito para a nação.
Agora o papel de atrair os povos para Deus,
encontra-se na igreja, esta que foi constituída com o derramamento do Espírito
em Pentecostes. (BÍBLIA, Livro de Atos. Cap. 2).
Compreender a grande missão da
igreja é fundamental. Simplesmente porque a igreja não deve se limitar a quatro
paredes. Agora a igreja tem o papel de atrair as pessoas, com a ação de ir até
elas.
Para Kilpp et al (2009, p.25),
No poder do Espírito Santo a igreja é chamada a proclamar
fielmente todo ensino de Cristo, e a partilhar as boas novas do reino [...]
Desse modo, a igreja procura em fidelidade, proclamar e viver o amor de Deus a
todas as pessoas [...]
Concordando
no mesmo viés de pensamento Perters (2000, p. 172) entende que esta comunicação
deve ser inteligível, ou seja, compreensível ao ouvinte:
Estamos nos movendo dentro do fluxo de centro do Novo
testamento, quando afirmo que a principal tarefa da Igreja, é comunicar de
forma inteligível e eficaz uma mensagem divina para o mundo, a fim de levar o
homem a uma relação viva com Cristo pela fé. O evangelho – a boa notícia de
Deus em Cristo – constitui o coração e o núcleo da posse cristã. A preservação,
interpretação e comunicação inteligível e persuasivo da boa notícia com a
intenção fixa de conduzir os homens ao conhecimento de Cristo como o único
Salvador e um compromisso resoluto a Ele como Senhor, permanecerá para sempre
tarefa suprema e principal da igreja. Aqui é o coração das missões cristãs. Tal
ênfase pode soar estranho, antiquado, ultrapassado e irrelevante para uma
geração ativista e irritada inclinou mais sobre a ação social do que sobre a
proclamação do evangelho.
Seria
impossível a qualquer criatura difundir o evangelho simplesmente por fazê-lo,
pois o amor de Deus chega a constranger os seus ouvintes. E quem o conhece,
deseja ardentemente que outros também o conheça. Então proclamar o reino de
Deus vai além de expressar uma ideia de salvação, é preciso ter um encontro
verdadeiro com Cristo. Justamente esse conhecimento de Cristo que impulsiona a
igreja a agir. A ação seria o segundo passo para o envolvimento na proclamação
do evangelho.
Conforme,
Mateus 28: 19-20, na conjugação do imperativo afirmativo “IDE” usado por Jesus,
deixa claro a sua intenção de afirmar que sem ação é impossível que a igreja se
desenvolva e cresça em sua missão. O agir condiciona as pessoas a tomarem uma
atitude, como também, impulsiona a uma ação mais determinante. Os seus
seguidores não poderiam ficar parados, precisavam agir e levar os seus
ensinamentos a todas as nações.
Diante
do apresentado, constata-se a importância da Grande Comissão. O significado de ekklesia que remete a função da igreja
de ir ao encontro das pessoas, levando-as ao encontro com as Boas Novas
A ação
vai gerar serviço para isso é importante utilizar ferramentas para serem usadas
no trabalho diário. Todo trabalhador dispõe de equipamentos, materiais,
qualificação específica para desempenhar um bom trabalho. Na evangelização
também são disponibilizados técnicas para o arado. São formas a serem vistas
nos próximos capítulos.
Portanto,
a grande comissão a qual a igreja recebeu como ordenança de Cristo, que significa
a Missio Dei, é a proclamação do
evangelho, cujo objetivo é levar as boas novas, isso se refletirá através da
ação do evangelismo.
2.2.2 A Grande Comissão
Na tradução da palavra grega ekklesia por igreja sugere a combinação
de chamar e fora, ao passar do tempo, associou-se à igreja a função de chamados
para fora, esse é o significado da palavra igreja. Portanto, a igreja é uma
comunidade de pessoas “chamadas para fora”. É o que afirma Cara (2014, p.1)
No grego, mais do que
no português, muitas palavras são uma combinação de duas outras palavras, mas
geralmente o estudo etimológico do porquê e de quando essas palavras foram
combinadas é completamente desconhecido pelo autor do Novo Testamento. A
palavra grega ekklesia, que é geralmente traduzida por “igreja”, é uma
combinação das palavras chamar e fora. Contudo, os dicionários
gregos acadêmicos não dão a definição de “os chamados para fora” para a palavra
ekklesia, porque ela não está sendo usada dessa maneira no Novo
Testamento. Embora seja teologicamente verdadeiro que cristãos tenham sido
chamados para fora do mundo pecaminoso para ser a igreja, essa verdade não é
derivada da palavra ekklesia.
Esta comunidade de “chamados
para fora” foi comissionada à leva a mensagem da salvação em Jesus a todos. Deste
modo, a Grande Comissão é a determinação deixada por Cristo à sua igreja para
anunciar o Evangelho a toda criatura fazendo discípulos e batizando em nome do
Pai do Filho e do Espírito Santo (BÍBLIA, Evangelho de Mateus, 28.18-20).
Por tanto, segundo Chaij (2010,
p.101), “A igreja é a agência criada por Jesus, para espalhar ao mundo a
mensagem de seu amor. Idealizada para cumprir uma nobre missão, a igreja é uma
comunidade de fé, amor e esperança”
A expressão vem do “latim para
‘o envio de Deus’, no sentido de ‘ser enviado’, uma frase usada na discussão
missiológica protestante, especialmente desde a década de 1950” (Macintosh,
2000 apud Guimarães, 2011, p. 631). Em inglês significa “a missão de Deus”.
Na década de 70, alguns
teólogos discordavam dessa configuração da participação da igreja na missão de
Deus. A igreja se tornou-se desnecessária para “Missio Dei”, onde não existiria
a necessidade de pessoas para auxilia-lo através do serviço missionário. Tal
ponto de vista se deu, devido o processo histórico mundial, com o qual Deus conduziu
todo o seu propósito em meio ao mundo. Levando ao entendimento que Missio Dei seria Deus articulando a si
mesmo. Uma vez que Deus só é compreendido pois houve a reconciliação com o
mundo, e o mundo só é compreendido porque existe a presença de Deus. (BOSCH,
2002)
Entretanto, essa discordância
contribuiu para entender que a igreja, ou qualquer pessoa, não tornou-se autor
ou portador da missão. Segundo Bosch (2002, p.470), “A missão possui sua origem
no coração de Deus. Deus é uma fonte de amor que envia. Esse é o manancial mais
profundo da missão. É impossível penetrar mais fundo; existe missão porque Deus
ama as pessoas”.
É notório a participação da
igreja na Missio Dei. Contudo a
igreja não é a detentora da missão como única participante, ao contrário a
missão pertence única e exclusivamente a Deus. Para a tradição cristã tornou-se
o centro da teologia Cristã. Contudo existe algumas visões diferentes referente
a comissão, como os pós-milenistas.
Devido à grande confiança em
Deus, os pós-milenistas acreditam que a grande comissão será cumprida, e a
maior parte do mundo será salva, isto referente ao milénio. Em relação a
igreja, ela cumprindo a grande comissão, se tornará o meio por onde o milénio
será trazido e estabelecido na terra. (RYRIE, 2004).
Todo o empenho da igreja tem
como fundamento tal ordenança deixada. Entretanto, só poderá haver um trabalho
satisfatório havendo proclamação, ação e serviço. Tais pontos precisam ser bem
articulados por todos. Não só a igreja/homem, como também instituições as quais
não tiverem entendimento da real significância da Grande missão.
Angélica Dantas
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