6 MÉTODOS DE EVANGELISMO
Entender
se existem vários métodos de evangelismo ou se existe o método de evangelismo,
são pontos a serem abordados no presente capítulos. Tal compreensão é de grande
importância para que não haja confusão na empregabilidade do termo.
6.1 Definindo Método
O termo método é comumente
usado no dia-a-dia e nem sempre é entendido corretamente, diante disso se faz
importante entender como surgiu a necessidade de se estabelecer métodos, o que,
por sua vez, trará também sua correta significação da terminologia empregada.
Segundo Gonçalves (2015, p
19),
Na
época de Descartes (Séc.XVII), já muito se havia pensado em método, pois
caracterizou a origem da ciência moderna.
Como observamos há muito tempo a preocupação em determinar os parâmetros
para se obter um método a ser utilizado não só ciência, como também em nosso
contexto diário, como o próprio termo define: método é o caminho a ser
utilizado para um determinado fim.
Definindo então método
Gonçalves afirma:
(Do
Latim Methodus) significa
etimologicamente, “necessidade” ou “demanda”. Num sentido mais específico, tem
o sentido de modo de proceder, uma maneira de agir, um meio ou um caminho para
se atingir um fim. Num sentido mais restrito, ele é definido como um programa,
um roteiro ou um conjunto de ações em vista de determinado fim. (FRAGOSO, 2011
apud GONÇALVES, 2015, p.20)
Para Ciribelli (2003, p.30),
“Assim, o método é um procedimento geral baseado em princípios lógicos que podem
ser comuns a várias ciências”. Como também se pode afirmar que “Método é a
orientação básica para se atingir determinado fim”. (GALIANO, 1979 apud
CIRIBELLI, 2003, p.30). Partindo dos conceitos expostos, percebe-se a importância
do método para atingir o objetivo proposto e assim é relevante também
identifica-lo e defini-lo para que se possa alcançar tais finalidades.
O método é um caminho
sistematizado, por onde se pode chegar a um fim necessário, na construção da
verdade e na formação do intelecto. Toda a formação intelectual do homem se dá
por meio de um método. Se o homem não tiver uma direção ele não alcança o
objetivo. Seria esse o intuito segundo Gonçalves (2015, p.13) quando escreve
“Sem sistematizar o modo pelo qual se pode conhecer, não iremos chegar a lugar
algum. Se o espírito humano cultivar sua autonomia e conduzir-se por um
“método” alcançará a verdade”.
6.2 Análise da
Existência de Métodos ou Método de Evangelismo
Quando se trata da
evangelização como tarefa da igreja, também se pensa em métodos para executar e
cumprir esta missão com êxito. Se faz necessário então analisar se existem
vários métodos no evangelismo ou não, para um melhor entendimento, pois como
visto anteriormente, o método é o caminho, a trajetória, a forma que se utiliza
para chegar a um objetivo. A evangelização é a forma pela qual a igreja se
dispõe para levar as boas novas, ou seja, é o caminho, a forma utilizada para a
proclamação.
Conforme afirma Smith (2002,
p.92) o evangelismo é o próprio método da evangelização: “Entretanto, o
evangelismo não está morto. De forma nenhuma. E nem mesmo poderá morrer,
porquanto é o grande e único método que Deus usa para realizar a Sua obra”.
Segundo a afirmação do autor
supracitado não existem os métodos e sim um único método o evangelismo, ele é como
já foi abordado no capítulo anterior. O caminho utilizado para levar o
evangelho é o anúncio das Boas Novas de Deus e se dá através do evangelismo que
se constitui no meio para alcançar os fins desejados. O conjunto de ações podem
ser diferenciados, entretanto terão um único fim: levar o evangelho,
consequentemente a ação de evangelização. O meio empregado nessa distribuição
da informação tem como único objetivo levar o evangelho. Qualquer procedimento,
conjunto de ações ou caminho utilizado pela evangelização, resultado será na
distribuição da informação, através dos meios, os quais serão abordados no
próximo capítulo.
Neste caso, é necessário
distinguir os termos:
Evangelização é a
proclamação do Evangelho do Cristo crucificado e ressurreto, o único redentor
do homem, de acordo com as Escrituras, com o propósito de persuadir pecadores
condenados e perdidos a pôr sua confiança em Deus, recebendo e aceitando a
Cristo como Senhor em todos os aspectos da vida e na comunhão de sua Igreja,
aguardando o diade sua volta gloriosa.[1]
Da
mesma forma Stott (1989, p.53) também afirma:
Evangelização é a difusão por todo e qualquer meio das
boas novas de Jesus crucificado, ressurreto e agora reinando. Inclui também o
diálogo em que nos colocamos com humildade e disposição em atitude de atenção,
a fim de compreendermos o outro e sabermos como apresentar-lhe Cristo
significativamente. É a proposta, apoiada na obra de Jesus, de uma salvação que
é tanto posse presente como perspectiva futura; tanto libertação em face do eu como libertação para Deus e o homem.
Parte dele o apelo para uma resposta total de arrependimento e fé, denominada
“conversão”, princípio de uma vida inteiramente nova em Cristo, na igreja e no
mundo.
Segundo Stott (2008, p.39)
também “a evangelização não deve ser definida em termos de métodos. Evangelizar é anunciar as Boas Novas, não importa como o
anuncio é feito. É levar as Boas Novas qualquer que seja o método”.
Stott (2008) define métodos como levar o
evangelho para pessoas, ou multidões; meios impressos como figura ou filme;
Obras de amor para com semelhante; por meio da família resplandecendo Jesus no
lar; uma vida transformada.
Para o autor supracitado o
falar, meios impressos, obras de amor, vida, são métodos de evangelização e que
existem vários métodos para levar as Boas Novas, não importando quais sejam.
Como vimos, o método como definição sendo um roteiro ou conjunto de ações para
um determinado fim. Pois todos os meios levam ao anúncio do evangelho, ou seja,
distribuir a informação de qualquer forma. Então se é um roteiro ou um conjunto
de ações, evangelização engloba todas as ações. Evangelizar é anunciar, meio
principal, o que difere é como o anuncio é feito.
Neste caso o evangelismo é o
método, conforme Ferreira (2001, p.29) aponta como o conjunto de fatores
importantes para a evangelização.
Naturalmente,
o evangelismo considera o evangelista, a mensagem e o pecador a ser alcançado
com o Evangelho. Nesse conjunto, o evangelismo trata da capacitação espiritual
do evangelista e de todo o seu preparo, bem assim, define a mensagem, sua
estrutura e a maneira como deve ser codificada para atingir o pecador. O
objetivo da evangelização, que é levar o pecador a Cristo para salvação, é
devidamente esquematizado pelo evangelismo, que estrutura a verdadeira teologia
da salvação, para que esta não descambe para outros objetivos. Finalmente, o
evangelismo procura tratar de uma análise do pecador, das influências que sofre
no seu mundo interior, mergulhado que está neste contexto de pecado, e
identifica, pela sabedoria do Espírito Santo, a maneira como alcançar o pecador
no seu “status” e na sua localização ou no seu contexto. Tudo isto pertence ao
âmbito do evangelismo.
Desta maneira, Stott (2008) também
define que existe um método principal. Segundo o autor “Toda igreja que já
ouviu o evangelho, deve passá-lo adiante. Este continua sendo o método
principal evangelístico de Deus. Se todas as igrejas tivessem sido fiéis, o
mundo já teria sido evangelizado há muito tempo.” (STOTT, 2005, p.106).
No trecho anterior o autor
está se referindo ao anúncio das Boas Novas, isto é, o Evangelho de Jesus
Cristo, que consiste na própria, evangelização, onde afirma ser este o método
principal e que deve ser passado para outros, contudo ele observa que isso não
acontece. Ou seja, para Stott (2008), embora existam muitos métodos, a
evangelismo é um método principal.
Sendo
assim, evangelização pode ser considerada como a comunicação das boas novas e o
evangelismo como a metodologia utilizada para o cumprimento desta tarefa.
Em contrapartida a tudo isto, segundo Molina (2014, p 15) “Não existe um
método específico e definido para alcançar pessoa”. Desta forma, nas palavras
do autor não existe um método determinado para alcançar pessoas. Ele vai contra
a afirmação de Stott (2008), para o qual define o evangelismo como método
principal subentendendo-se que existam outros, e contra o Smith (2002) que
declara ser a evangelização o único método. Tais afirmações são contraditórias
dentro da literatura.
Existem muitos termos sendo usados na literatura, afirmando que
existem vários métodos na evangelização. Outros definem como tipos de
evangelização. Segundo Berti (2010, p.33) “Além de métodos (tipos) de
evangelização, é importante lembrar que existem diversas outras formas de se
levar o evangelho”.
Segundo Coleman (2006, p.12) “Só
este senso de missão pode mobilizar a nossas almas, e isto vale para qualquer
método ou técnica empregado na pregação do evangelho do Reino”. Para o autor
não existem somente métodos, mas também técnicas utilizadas, ou seja, a
evangelismo para ele não é o único método, como também existem técnicas e
métodos.
Segundo Pujic (2014, p.18),
A
estratégia evangelística mais amplamente adotada é ensinar as pessoas a
respeito do evangelho, verificar se elas se conduzem de acordo com as
doutrinas, e finalmente aceita-las, para que pertençam ao corpo simbólico de
Cristo. Esse método tem-se mostrado improprio e ineficaz, no mundo ocidental
pós-moderno.
O autor fala do ensino do
evangelho e das doutrinas, pois segundo ele trata-se de um método, mas também
de uma estratégia. Porém destaca ser uma forma não apropriada para a igreja
ocidental.
Da mesma forma, segundo
Fernandes, (2007, p.58),
[...]
o aprendizado do evangelho em si, que segundo Jesus, seria o método de
aprendizagem indispensável à continuidade da vida futura de cada indivíduo. No
evangelho de João capítulo 17 e versículo 3, Jesus nos informa que: Absorver
conhecimento sobre ele e sobre o único Deus verdadeiro, significará “vida
eterna”. Percebendo que estão indo na contramão do que Jesus pregou quando enfatizou
que o único método para se chegar a Deus, seria aprendendo e ensinando sobre
ele [...]
O autor destaca a
evangelização como o meio de aprendizado, de ensinamento do evangelho para se
chegar à Deus. Pois a evangelização designa ensinar, anunciar, pregação de
qualquer doutrina ou ideia. (Houaiss, 2001).
Para outros autores existem
vários métodos de evangelismo, conforme exemplos a seguir:
Nunes (2014) escreve do
Evangelismo pessoal; Esse meio de evangelismo refere-se a uma pessoa cristã já
conhecedora do evangelho, que o compartilha com outra pessoa não salva, isso
acontece naturalmente.
Grigório (2009) escreve sobre
o Socrático; Esse meio de evangelismo pelo do qual argumenta-se com o
não-cristão acerca da realidade, reflete-se sobre os argumentos que tem ouvido
e tirar conclusões para uma conversa, uma troca de ideais.
Grigório (2009) escreve do
Testemunhal – Esse meio em que a pessoa evangeliza falando da obra realizada
por Deus em sua vida, é um testemunho do poder transformador do evangelho.
Nunes (2014) escreve da
evangelização em Massa; Esse tipo de evangelização é aquele que atinge um
grande número de pessoas para serem evangelizadas ao mesmo tempo, também
conhecida como evangelismo de cruzadas.
Nunes (2014) escreve da
Saturação; Esse tipo fala em agir no meio da saciedade, para alcançar um limite
de espaço, em outras palavras, evangelismo no mais alto grau, esse meio propõe
“saturar” uma área geográfica do bairro ou cidade para que cada pessoa daquela
área.
Nunes (2014) escreve do
Incorporativo; Esse meio de evangelismo é o suporte para o evangelismo em
Saturação. (NUNES, 2014)
Gregório (2009) escreve da
Confrontação; A evangelização confrontadora é a forma pela qual os cristãos
encontram uma pessoa ou mais, que geralmente não conhecem e aproveitam a
oportunidade para apresentar-lhe o evangelho.
Gregório (2009) escreve do
Assistencial; É aquele que leva as Boas Novas através de alguma obra de ação
social, seja abrigando crianças de rua, distribuindo alimentos e roupas aos
carentes.
Molina (2014) escreve do
Relacional ou de amizade; É o meio em que a pessoa a qual já possui amizades
com outras, passa a ser usada por Deus para levar o Evangelho aos seus amigos;
Como pode ser constatado, para
alguns autores existem vários métodos, para outros somente um, ou não existe um
método definido. Enquanto outros existem métodos e técnicas. Mostrando assim
uma indefinição em linhas gerais sobre uma demarcação exata da existência de
métodos ou método de evangelização. Não havendo um consenso entre o meio acadêmico
teológico e literário referente ao assunto.
Mesmo assim, todas as ações
apresentadas na presente pesquisa são formas de aplicação para o método de evangelismo.
Assim por exemplo o “método” de confrontação, não designa um conjunto de ações,
tão pouco um programa, pois precisa estar associada a outras ações para
constituir um método. O método é a evangelismo,
ele denota direção principal para todas as outras ações seja qual for. A
evangelização se utiliza de diversos meios para conseguir a sua ampliação. Ainda assim, o evangelismo será o método de
evangelização. Para ser considerado como método, as ações indicadas pelos
autores, haveria de ser acompanhadas de várias ações e não de uma forma isolada
como apresentadas.
Enfim, as técnicas não podem
ser confundidas como método. Na literatura teológica, aparentemente existe uma
formulação de juízo, nascido da repetição contínua do termo método para toda e
qualquer ação empregado na evangelização. Compreendendo que tal pressuposto do
termo, é resultado justamente das repetições e não fruto de uma reflexão do
real significado do termo método. Os métodos não são variados, pois a
evangelização é a transmissão da informação e o evangelismo o método desta
comunicação, o que diferencia são as formas a serem utilizadas na sua
aplicação. A presente pesquisa levanta questões de ordem puramente analítica,
contribuindo para a formação do saber.
6.3 Eficácia do Método de Evangelismo
Existe uma diferença entre
eficiência e eficácia. Há a necessidade de fazer tal diferença entre os termos,
para que não haja interpretação errônea quanto ao exposto na pesquisa e o
objetivo proposto.
Segundo Houaiss (2001. p. 152),
Eficiência significa a “[...]
capacidade de produzir um efeito real” e “Capacidade de obter maior rendimento
com o mínimo de desperdício”, e eficiente é aquele “[...] Que realiza bem as suas
funções” sendo que eficaz é “eficiente” e ainda “Seguro, infalível”
Segundo Chiavenato (2004,
p.128)
A eficiência preocupa-se com os meios, com os
métodos e procedimentos mais indicados que precisam ser devidamente planejados
e organizados para assegurar a otimização da utilização dos recursos
disponíveis. A eficiência não se preocupa com os fins, mas com os meios. Deste
modo, o alcance dos objetivos não entra na esfera de competência da eficiência;
é um assunto ligado à eficácia.
Eficiência está relacionado a
fazer do jeito correto com o menor custo possível. A eficácia está relacionada a
alcançar o resultado desejado, o objetivo com o menor tempo possível. É relevante para a presente pesquisa, avaliar
se o método de evangelismo está atingindo o objetivo, ou seja, levar a mensagem
das Boas Novas no menor tempo possível, alcançando o maior número de pessoas,
através de várias técnicas utilizados para tal.
Eficiência = Menor custos Eficácia
= Menor Tempo/Objetivo. Desta forma a presente pesquisa terá seu foco restrito na
avaliação da eficácia do método, tempo/objetivo, através das técnicas
utilizadas com ou sem recursos tecnológicos, para melhor entendimento do
trabalho em questão.
Angélica Dantas
Angélica Dantas
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