5 CONTEÚDO DA EVANGELIZAÇÃO
Um dos pontos que deve ser também
abordado no estudo, diz respeito ao que deve apresentar na evangelização, ou
seja, que tipo de conteúdo deve fazer parte da proposta evangelística que deve
mover a igreja na propagação do evangelho.
5.1 Evangelização e Doutrinas
Não há como negar que a
evangelização também carrega muitas vezes um conteúdo doutrinário das
denominações. Quando algumas denominações anunciam suas doutrinas
denominacionais em detrimento do evangelho,
pode ocasionar alguns conflitos no método de evangelismo.
É óbvio que cada denominação
se organiza em torno do seu corpo doutrinário, mas isso não deveria ser um
obstáculo à evangelização, nem deveria se constituir no conteúdo dela, pois,
“Todos temos as nossas diferenças teológicas e doutrinas, sobre questões de
menor importância, mas existe algo em torno de que podemos nos unir: o
evangelismo. Ainda que não possamos alcançar unanimidade” (SMITH, 2002, p.105).
Deste modo, esta é uma questão
digna de abordagem, pois sem dúvida, questões de interpretação são pontos
relevantes na transmissão da informação no processo de proclamação. É
fundamental deixar as diferenças doutrinárias para que estas não comprometam a
mensagem das Boas Novas. Quando as denominações deixam de anunciar o evangelho
e começam anunciar as suas doutrinas, acabam entrando em questões culturais e
de interpretação própria. Fazendo assim com que os ouvintes afastem-se do
evangelho, esperando das pessoas total renúncia do mundo que as cerca, para
enquadra-las em sua forma denominacional. Aqueles os quais não se ajustam,
seguindo a doutrina de determinada denominação, acabam sendo excluídos,
deixados de lado. Demonstrando que o legalismo e exclusivismo são mais
importantes que o evangelho.
Segundo Pujic (2014, p.18),
A
estratégia evangelística mais amplamente adotada é ensinar as pessoas a
respeito do evangelho, verificar se elas se conduzem de acordo com as
doutrinas, e finalmente aceita-las, para que pertençam ao corpo simbólico de
Cristo. Esse método tem-se mostrado improprio e ineficaz, no mundo ocidental
pós-moderno.
O fato de ouvirem o evangelho
baseados na doutrina e não no evangelho, faz com que as pessoas sejam aceitas
ou não em algumas denominações. Implicando em uma mudança total e radical a
ponto das pessoas romperem suas relações sociais e familiares em nome de uma
religião. O evangelho não enquadra a pessoa em uma forma onde deverá ser
encaixada, ao contrário liberta e transforma para novidade de vida. Vida com o
próximo, em sociedade, em convívio com o meio ao qual pertence e em amor.
5.2 Evangelização e Cultura
A cultura
e a evangelização em alguns casos são divergentes, ocasionando algumas vezes
conflitos de ordem cultural por parte dos evangelistas e dos ouvintes no
momento de levar as boas novas.
Sttot (2008. p.120.) afirma
que:
É verdade que a
conversão requer arrependimento e arrependimento requer renúncia. Contudo, isso
não requer que o convertido retire-se da sua cultura original, e adentre a
subcultura cristã, que é totalmente distinta. Algumas vezes parecemos esperar
que ele se retire completamente do mundo real!
Segundo Nascimento (2012,
p.29) em todos os meios há esta manifestação da cultura sendo imposta de alguma
maneira:
A
questão cultural: Tradicional- há um confronto cultural e as pessoas são
desafiadas a abandonas a sua herança e ligações culturais para abraçar a
cultura da linha doutrinária da igreja. Neopentecostal - há um confronto
espiritual, mas não cultural. Alguns elementos da cultura local são até
assimilados. Novo modelo - Não há um confronto cultural, a igreja está ali para
influenciar a mudança e não impor a transformação da cultura.
Assim como os autores
supracitados afirmam as culturas diversificadas que existem, algumas vezes
entram em debate junto ao pensamento cristão, pois o cristianismo, em
determinadas denominações, tenta retirar a pessoa da sua cultura para
enquadra-la a uma doutrina, ou seja, uma subcultura cristã. Ter um consenso e
saber qual o caminho a seguir dentro do que se anuncia vem sendo o grande desafio
no método de evangelismo utilizada na igreja contemporânea cristã.
Outra questão interessante que
precisa ser entendida é sobre a adaptação do Cristianismo as culturas para que
o Evangelho seja relevante. Segundo Macthur (2014, p.17), “O mandato que se
percebe é: se o evangelho vai permanecer relevante, o cristianismo deverá
adaptar-se e apelar para tendências culturais mais atuais”. Como o autor coloca,
saber se o evangelho permanecerá importante frente a culturas atuais é um ponto
a ser considerado no evangelismo, por isto, é necessário adaptar, contudo sem
alterar a mensagem pregada.
Deve existir também um cuidado
na hora de anunciar uma informação, pois questões culturais de um povo ou
localidade podem interferir. Pensando nisto também, é importante ressaltar que
não se pode adequar o evangelho a cultura de determinadas localidade, com o
pretexto de tornar o evangelho mais “agradável” aos ouvintes ou a
“moderniza-lo” conforme o pensamento de alguns, para não serem considerados
preconceituosos, sem “mente aberta”. Assim, tentam deturpar a mensagem
anunciada e corrompê-la para torna-la bem vista na hora da sua proclamação,
isto pode ser um erro. Se aplicariam aqui as palavras de Paulo, “Podemos fazer
tudo que queremos. Sim, mas nem tudo é bom [...] mas nem tudo é útil” (BÍBLIA,
1 Coríntios 10:23).
Bem
certo é que sem comunicação oral não existiria cultura, pois para que haja
cultura é preciso um acúmulo de conhecimento e isso se dá através da
comunicação do homem para com o seu semelhante, havendo um acúmulo de
informações, as quais vão sendo passadas no decorrer do tempo (LARAIA, 2001)
O principal cuidado na hora de
anunciar uma informação seria mantê-la de forma fidedigna, evitando
interpretações errôneas as quais possam distorcer o seu conteúdo original, no
caso do evangelho. Dessa forma o método em seu objetivo de transmitir a
informação, não seja comprometido. A informação não deixaria de ser
transmitida, contudo a qualidade do conteúdo estaria distorcida, devido aos
erros de interpretações acumulados ao longo dos séculos. Tal movimento não
ocorre somente no processo de informação cultural, mas se dá também no processo
do método de evangelismo. Como o acúmulo de informação é construído ao longo do
tempo, essa construção precisa ser passada para as gerações seguintes. E a
técnica mais utilizada é a oral, embora se tenha outros meios de perpetuar toda
a informação atualmente. A base das boas novas deve permanecer sem alterações.
Como as informações em muitos casos são acrescidas de outras por falta de
comprometimento na transmissão, e devido a subjetividade ser característica
humana, a interpretação passa a ser determinante na hora de levar o evangelho.
Como consequência a criação de várias doutrinas, religiões e seitas, onde
algumas das vezes estão relacionadas a questões antropológicas.
Deste
modo, o mais importante é preservar a mensagem do evangelho em sua essência, é
necessário que o anúncio seja separado: Cultura e evangelho, evitando confusão
de intepretação no anúncio. Como diz Stott (2004), não é preciso que a pessoa
deixe a sua cultura uma vez que acolheu as boas novas. Contudo precisa saber
coisas da sua cultura que não condiz com o evangelho.
Angélica Dantas
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