sexta-feira, 8 de julho de 2016

Cultura: Um conceito Antropológico.


RESENHA CRÍTICA




LARAIA, Roque Barroso. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. 113 p.

O antropólogo Roque Laraia, traz no seu livro.

O livro está dividido em duas partes: a primeira, parte que se refere ao desenvolvimento do conceito de cultura a partir das manifestações iluministas até os autores modernos; a segunda parte procura demonstrar como a cultura influencia o comportamento social e diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica (LARAIA; Roque, 2001)


O autor começa fazendo uma discussão acerca da unidade biológica e da diversidade dos costumes de alguns povos, onde cada cultura acaba sendo questionada por outra, achando-se melhor que outra. Alguns observadores do tema, não conseguem entender tais culturas. Conclui que, a diversidade de comportamento humano em várias culturas, não se dá exclusivamente pela variação biológica da espécie humana; e nem pela influência que o meio exerce sobre o homem.

Demonstra que nem mesmo o determinismo biológico foi capaz de explicar tal diversidade. Deixando claro que os antropólogos estão certos quanto as diferenças genéticas não ser o fator que determina as diferenças culturais. Eles partem do pressuposto que uma criança seja qual for sua origem étnica, poderá ser criada em qualquer outra cultura que não seja a sua de origem, e a mesma crescerá de acordo com a cultura a qual foi introduzida. Tal afirmação, vem em contrapartida ao que se acreditará antes.

O determinismo geográfico foi outro ponto levantado pelo autor, mostrando apesar do que se aceitava, tal determinismo não influencia, pois existem limitações a serem observadas e que é possível existir várias culturas em um mesmo ambiente físico.

No decorrer da primeira parte levanta um breve histórico do que é cultura e como nasceu tal conceito. Deixa uma impressão básica quanto a formulação do conceito de cultura.  A sua intenção é mostrar como a cultura pode ser objeto de estudo sistemático, sendo possível formular leis sobre o desenvolvimento da mesma e sua evolução. Apresenta ponto antagônicos quanto a tal desenvolvimento, sempre em debate com as formulações das ideias de Edward Tylor (1832-1917), deixando claro o principal objetivo da antropologia moderna:  Construir uma nova formulação do conceito cultura.

A segunda parte do livro começa levantando temas para exemplificar o quanto a cultura altera a visão que as pessoas possuem delas e de outras, sendo considerado discriminação para alguns e para outros não, o fato de alguns grupos não aceitarem outros. Isso não compete julgamento, uma vez que é importante observar, o nome já diz cultura. Em outro momento é feita uma explanação de alguns exemplos para demonstrar o quanto a cultura interfere biologicamente e psicologicamente no indivíduo. Também explica como os indivíduos participam de formas diferente dentro de uma sociedade, e o quanto precisam ter um conhecimento do sistema desta sociedade, para que assim, seja participante da mesma. Caso contrário, será excluído do convívio, tornando-se sem sociedade. É evidente, entender a particularidade lógica específica da cultura de uma sociedade. Contudo, o fato de algumas culturas não aceitarem a lógica de outras, não deixa de ser verdadeiro, segundo o ponto de vista de cada um. Tais divergência para o autor, são independentes da lógica objetiva.

O livro demonstra o quanto a cultura é dinâmica. Dinâmica porque não é estática, pois está sempre em constante modificação ao longo do tempo. Isto se dá através de dois processos, um interno, resultante do próprio sistema cultura; outro externo, ou seja o contato de um sistema cultural com outro.




Conclusão

O objetivo do livro de ajudar os estudantes de antropologia a terem um material de estudo e pesquisa capaz de ampliar seu conhecimento, como também introduzir o leitor ao campo da antropologia, sem dúvida foi alcançado

O material dispõe de uma coletânea de autores relacionados ao tema, capaz de produzir estudos mais profundos e detalhados. Todo livro leva o leitor a pensar no tema cultura, e como pode ser objeto de estudo futuro, uma vez que não é conclusivo. O tema oferece um leque de opções já que se trata de uma reflexão humana.




Considerações Finais


Sem comunicação oral não existiria cultura. Pois para que haja cultura é preciso um acumulo de conhecimento e isso se dá através da comunicação do homem para com o seu semelhante, havendo um acumulo de informações, as quais vão sendo passadas no decorrer do tempo.
Não houve uma definição exata dos antropólogos quanto ao tema cultura, já que é algo extremamente difícil, pois relaciona-se a compreender a natureza humana. Todavia a antropologia moderna, conseguiu defini-la, mas não conseguem manifesta-la em toda sua amplitude.
Respeitando a posição do autor, quando o mesmo se refere ao fato das pessoas não aceitarem as diferenças das outras, como sendo discriminação. Considero importante observar que, cada cultura preocupa-se em sua preservação. Então, não seria o caso de discriminação, e sim a necessidade de preservação das raízes culturais de uma sociedade, mesmo sabendo que ao longo do tempo as sociedades podem sofrer modificações, quer de forma lenta ou não. Se não houver tal atitude, corre o risco de ser extinta.  Talvez seja uma forma inconsciente dos participantes em preserva-la. Claro, tal opinião é fruto da leitura, embora seja necessária uma pesquisa mais completa, para uma comprovação detalhada.
Como pode acontecer, enquanto alguns grupos sociais procuram preservar a sua cultura, outros são influenciados e acabam fazendo uma junção da sua cultura com outra (s), ou são totalmente transformadas. O importante de tudo é saber qual o tipo de sociedade se quer construir?  Quer seja uma sociedade de índios no interior do Amazonas, quer seja uma sociedade de uma grande metrópole, cada sociedade precisa entender que nem toda mudança significa evolução ou algo bom para ela. E se, com as possíveis mudanças em uma cultura, os indivíduos estarão dispostos a pagar o preço por tal transformação.

     
      Angélica Dantas
 Faculdade Evangélica de Patos de Minas (FAEP) 

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