RESENHA
CRÍTICA
LARAIA,
Roque Barroso. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 2001. 113 p.
O
antropólogo Roque Laraia, traz no seu livro.
O livro está dividido em duas partes: a
primeira, parte que se refere ao desenvolvimento do conceito de cultura a
partir das manifestações iluministas até os autores modernos; a segunda parte
procura demonstrar como a cultura influencia o comportamento social e
diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade
biológica (LARAIA; Roque, 2001)
O autor começa fazendo uma discussão acerca da
unidade biológica e da diversidade dos costumes de alguns povos, onde cada
cultura acaba sendo questionada por outra, achando-se melhor que outra. Alguns
observadores do tema, não conseguem entender tais culturas. Conclui que, a diversidade
de comportamento humano em várias culturas, não se dá exclusivamente pela
variação biológica da espécie humana; e nem pela influência que o meio exerce
sobre o homem.
Demonstra que nem mesmo o determinismo biológico foi
capaz de explicar tal diversidade. Deixando claro que os antropólogos estão certos
quanto as diferenças genéticas não ser o fator que determina as diferenças
culturais. Eles partem do pressuposto que uma criança seja qual for sua origem
étnica, poderá ser criada em qualquer outra cultura que não seja a sua de
origem, e a mesma crescerá de acordo com a cultura a qual foi introduzida. Tal
afirmação, vem em contrapartida ao que se acreditará antes.
O determinismo geográfico foi outro ponto levantado
pelo autor, mostrando apesar do que se aceitava, tal determinismo não
influencia, pois existem limitações a serem observadas e que é possível existir
várias culturas em um mesmo ambiente físico.
No decorrer da primeira parte levanta um breve
histórico do que é cultura e como nasceu tal conceito. Deixa uma impressão básica
quanto a formulação do conceito de cultura.
A sua intenção é mostrar como a cultura pode ser objeto de estudo
sistemático, sendo possível formular leis sobre o desenvolvimento da mesma e
sua evolução. Apresenta ponto antagônicos quanto a tal desenvolvimento, sempre
em debate com as formulações das ideias de Edward Tylor (1832-1917), deixando
claro o principal objetivo da antropologia moderna: Construir uma nova formulação do conceito
cultura.
A segunda parte do livro começa levantando temas
para exemplificar o quanto a cultura altera a visão que as pessoas possuem
delas e de outras, sendo considerado discriminação para alguns e para outros
não, o fato de alguns grupos não aceitarem outros. Isso não compete julgamento,
uma vez que é importante observar, o nome já diz cultura. Em outro momento é
feita uma explanação de alguns exemplos para demonstrar o quanto a cultura
interfere biologicamente e psicologicamente no indivíduo. Também explica como
os indivíduos participam de formas diferente dentro de uma sociedade, e o quanto
precisam ter um conhecimento do sistema desta sociedade, para que assim, seja
participante da mesma. Caso contrário, será excluído do convívio, tornando-se
sem sociedade. É evidente, entender a particularidade lógica específica da
cultura de uma sociedade. Contudo, o fato de algumas culturas não aceitarem a
lógica de outras, não deixa de ser verdadeiro, segundo o ponto de vista de cada
um. Tais divergência para o autor, são independentes da lógica objetiva.
O livro demonstra o quanto a cultura é dinâmica.
Dinâmica porque não é estática, pois está sempre em constante modificação ao
longo do tempo. Isto se dá através de dois processos, um interno, resultante do
próprio sistema cultura; outro externo, ou seja o contato de um sistema
cultural com outro.
Conclusão
O objetivo do livro de ajudar os estudantes de
antropologia a terem um material de estudo e pesquisa capaz de ampliar seu
conhecimento, como também introduzir o leitor ao campo da antropologia, sem
dúvida foi alcançado
O material dispõe de uma coletânea de autores
relacionados ao tema, capaz de produzir estudos mais profundos e detalhados.
Todo livro leva o leitor a pensar no tema cultura, e como pode ser objeto de
estudo futuro, uma vez que não é conclusivo. O tema oferece um leque de opções
já que se trata de uma reflexão humana.
Considerações Finais
Sem comunicação oral não existiria cultura. Pois
para que haja cultura é preciso um acumulo de conhecimento e isso se dá através
da comunicação do homem para com o seu semelhante, havendo um acumulo de
informações, as quais vão sendo passadas no decorrer do tempo.
Não houve uma definição exata dos antropólogos
quanto ao tema cultura, já que é algo extremamente difícil, pois relaciona-se a
compreender a natureza humana. Todavia a antropologia moderna, conseguiu
defini-la, mas não conseguem manifesta-la em toda sua amplitude.
Respeitando a posição do autor, quando o mesmo se
refere ao fato das pessoas não aceitarem as diferenças das outras, como sendo
discriminação. Considero importante observar que, cada cultura preocupa-se em
sua preservação. Então, não seria o caso de discriminação, e sim a necessidade
de preservação das raízes culturais de uma sociedade, mesmo sabendo que ao
longo do tempo as sociedades podem sofrer modificações, quer de forma lenta ou
não. Se não houver tal atitude, corre o risco de ser extinta. Talvez seja uma forma inconsciente dos
participantes em preserva-la. Claro, tal opinião é fruto da leitura, embora
seja necessária uma pesquisa mais completa, para uma comprovação detalhada.
Como pode acontecer, enquanto alguns grupos sociais
procuram preservar a sua cultura, outros são influenciados e acabam fazendo uma
junção da sua cultura com outra (s), ou são totalmente transformadas. O
importante de tudo é saber qual o tipo de sociedade se quer construir? Quer seja uma sociedade de índios no interior
do Amazonas, quer seja uma sociedade de uma grande metrópole, cada sociedade
precisa entender que nem toda mudança significa evolução ou algo bom para ela.
E se, com as possíveis mudanças em uma cultura, os indivíduos estarão dispostos
a pagar o preço por tal transformação.
Angélica Dantas
Faculdade Evangélica de Patos de Minas (FAEP)
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